Hoje eu estava conversando com uma prima sobre a vida de quem estuda para concurso... Eu dizia que é uma vida sem feriados, dias santos, aniversário, natal, ano novo, enfim, não temos férias como os mortais comuns. Todo dia é dia de estudar e quando não podemos estudar, por algum motivo, bate àquela culpa, àquele vazio... Tudo fica ainda mais complicado quando o concurso meta é da área policial, como é o meu caso, porque existe também a parte física, que não pode ser desprezada. O corpo pode até pedir descanso, a preguiça pode até bater, mas a consciência está lá, gritando e avisando que não pode parar.
Mas, para a maioria das pessoas somos uns desocupados, que "SÓ ESTUDAMOS"... Acho que alguns já foram obrigados a escutar a frase clássica de uma tia, conhecido ou vizinho enxerido: "e você só está estudando?" e pior: "Já que você não está fazendo nada da vida, só está estudando, dá pra me fazer um favor?"
Ai que povinho sem noção... Queria ver esse povo passar a madrugada estudando e ter que acordar cedo para ir para a natação, que fica do outro lado da cidade, para ver se faz o tempo exigido no edital, depois ter que passar direto para a academia e pegar pesado no treino para tentar subir a "bendita" da barra, que parece mais o monte Everest... Gostaria muito de ver esse povo sair da academia "só viva", com um sono danado, ter que cuidar de almoço, filho que precisa sair para escola, pilha de pratos, enfim... cochilar um pouco e recomeçar a estudar enquanto o filho não chega da escola e exige sua atenção... Adoraria ver esse povinho tentar convencer uma criança de 9 anos que ela tem que dormir cedo, porque a mamãe precisa recomeçar os estudos, que seguirão até enquanto os olhos permanecerem abertos... E no outro dia, tudo novamente!
Tenho certeza que esse não é um drama só meu, a batalha é árdua para um monte de gente e, me desculpem os homens (em regra), mas a batalha das mulheres é bem mais difícil, pois não é moleza conciliar casa, filho, estudo e todo o resto e, ainda ter que parecer sempre linda e feminina (apesar dos calos que a barra provoca nas mãos) e com um sorriso no rosto. Rsrsrsrs!
A verdade é que não acho ruim fazer tudo isso, mas fica tão pesado quando a gente tem que ouvir comentários de quem não tem a mínima noção do que é ser concurseiro, porque nós não ganhamos remuneração por tanto trabalho, muito pelo contrário, temos muitos gastos e pouco reconhecimento. O que é mais irônico é que, quando finalmente conseguimos chegar à meta, surgiram aqueles que dirão: "que sorte que ela teve, passou no concurso da PF". SORTE?
